Capitulo 2 o armário é muito apertado
Conseguimos
esconder muitas coisas de muita gente, e principalmente, escondemos muitos
segredos de nós mesmos.
Mas
o desejo físico é uma coisa difícil de esconder. Ele escapa do nosso corpo
através de olhares, cruzar ou abrir de pernas, o andar, o modo como inclinamos
a cabeça quando estamos interessados em alguém. Assim Wélida descobriu aos
poucos meu segredo. Ela era inteligente e me confrontou umas cinco vezes. Eu sou
um tantinho covarde, e fiquei acuada como um rato no canto da parede.
Eu
amava aquela menina com todas as minhas vísceras. Mas ela jamais obteria uma
confissão. Meu plano era basicamente
morrer. Morrer antes de decepcionar meus pais, a igreja e sofrer a vergonha de
me assumir na escola. Já imagino meu rótulo, as pessoas comentando sobre mim:
“sabe a Márcia, aquela sapatão que abandonou a Deus”?”, ou então: “ nossa, uma
menina tão bonita e lésbica!” (como se a beleza feminina estivesse a serviço
dos homens pra mulheres poderem casar e
procriar)
Nossa,
minha cabeça estava cada vez pior. Ou melhor. Sei lá. Quem pode ria me ajudar?
Fui
deixando o tempo passar , fui me acomodando, reprimindo o que eu achava que poderia
ferir meus pais, minha família, meus amigos.
A
Wélida, há muito já era passado. Interessei-me por muitas mulheres sem que ninguém
percebesse. Eu estava com 22 anos, e me
formando em TI.
Havia
aquela cobrança social sobre relacionamentos. Meus pais, principalmente viviam
perguntando quando eu iria arrumar um namorado.
Eu
não podia pensar apenas em mim, e fazer sofrer todos que me amavam, e que
jamais entenderiam meus sentimentos. E pra ser sincera, eu mesma achava sujos
os meus desejos. Quem foi criada sob os preceitos Cristãos, sabe que isso não é
bíblico, não é coisa de Deus. Uma hora ou outra eu seria punida por meus
pensamentos e sentimentos.
Melhor
seria me dedicar ao trabalho.
E
o tempo foi passando.....
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